INDICA
«Shine»
Nuclear Blast
4/5
Apesar de serem uma aposta de risco da Nuclear Blast, uma editora essencialmente de metal extremo, as Indica beneficiam de uma grande vantagem que as coloca directamente nas playlists de quem tem uma queda, mesmo que ligeira, pelo pop: a sua música. Não sendo particularmente açucarada ou plástica, a receita musical das finlandesas exala aquela alma de autenticidade que os fãs de metal detectam à distância, para além de beneficiar de um cuidado nos arranjos que não é normal em projectos deste calibre e de uma variedade na composição que lhes permite ter influências celtas ou sinfónicas nas suas canções, sem adulterar a personalidade musical do projecto. No centro de tudo está a vocalista, guitarrista e violinista Jonsu, que congrega todas as atenções, seja pela voz sonhadora, pelas letras incrivelmente bem escritas ou pela imagem atraente. E é aqui que as Indica têm o seu ponto fracturante: a imagem all girl, carregada de sex appeal, o “apoio” incondicional de Tuomas Holopainen (dos Nightwish) e as enormes campanhas de marketing que transformaram as Indica em super-estrelas na Finlândia e que tentam agora espelhar esse estatuto no resto da Europa podem ter os trejeitos das estrelas de pop fabricadas. Mas a verdade é que, por detrás de toda a máquina, há pop de profundidade melancólica, de ganchos escritos com talento e de poesia muito decente. Não dá para fabricar isso.